terça-feira, 14 de agosto de 2012

Iná Poggetti


O sentimento de desamparo.

Escrevi outro dia para o meu site um post com o título “Desamparo”.

Tive uma surpresa agradável, pois percebi que o artigo teve um grande número de acessos. Mais do que outros que tenho postado. Parece que esse sentimento chama atenção de uma grande parte do público do meu site. Achei então que pudesse ser interessante pra você também, que aprecia o blog da Cláudia.

Desamparo é um sentimento que abate uma grande parte da população tanto feminina quanto masculina.

Acredito que atinja mais a população feminina, dado que a masculina, justamente pelas definições do que seja ser homem, geralmente “o cabeça” da casa (é sim, meus amigos: embora estejamos no século 21 essa ideia ainda perdura, embora muitas de nós mulheres trabalhemos também fora de casa), com a necessidade de prover a família, não tenha nem muito tempo para se sentir ou se permitir manifestar desamparo. No entanto, há também homens com tal característica.

No post citado acima, mencionei uma música chamada “Ninguém Me Ama” de (Antonio Maria; Fernando Lobo), interpretada no caso por uma cantora chamada Nora Ney, um samba canção de 1952, quando, acredito, a maioria de nós ainda nem era nascido.... eu pelo menos não era...

Acredito que o pior pesadelo de quem sente desamparo, seja a sensação de impotência diante da vida. O drama da percepção de não poder fazer nada diante de determinados acontecimentos, a perda de controle sobre situações.

Há uma busca desesperada, nesse estado de coisas, de apoio, e esse não vem, ou a pessoa com esse sentimento não consegue perceber. Ela tem a sensação que está “sem chão”. É um sentimento de orfandade, vazio, de solidão e dessa solidão resulta o desespero desse modo de ver a vida e tudo ao seu redor.

Todos nós em graus variados, temos eventualmente tais sentimentos e tais necessidades, mas a pessoa que se encontra e permanece nesse quadro tende a ficar cada vez pior e cada vez vendo menos saídas para os turbilhões de pensamentos de impotência que se apoderam dela.

A essa altura, essas pessoas já desenvolveram uma grande auto piedade, um forte sentimento de dó de si mesmas e uma dependência violenta de outras pessoas e coisas. Já arrebanhou solidariedade suficiente para que outros estejam sempre a sua volta e sempre procurando não  contrariar seus desejos e posições. E, mesmo assim, ela continua infeliz. Cada vez mais infeliz, eu diria.

Devo dizer que para os que estão à volta de uma pessoa assim, as saídas geralmente são: ou de ficarem com as mesmas características ou serem pessoas amarguradas, que não acham saída para o sofrimento do outro e numa tentativa extrema de sobrevivência mais saudável, afastarem-se, não sem se sentirem tremendamente culpadas.

A convivência com pessoas com as características do desamparo, são complicadas e confusas. As relações que se estabelecem de dependência com essa pessoa são, em geral angustiantes, irritantes e muito amarguradas.

E se você está identificando-se ou a alguém que você conhece com tais características, tem sim modos de sair dessa situação.

Dependendo do grau de ansiedade e sentimento de impotência já desenvolvido nessa situação, as recomendações são desde: “para com isso e vai arranjar coisa melhor pra fazer” (uma bronca e orientação de atividades) até: “procure um profissional”, pois a situação já está grave a ponto de a família não ter conhecimento suficiente para fazer algo.

E aqui no final, pra você, a letra da música citada, que foi escrita em lá menor uma tonalidade tipicamente melodramática.


“Ninguém Me Ama” (1952) (link do Youtube pra você ouvir Nora Ney)
(Antonio Maria; Fernando Lobo)
Ninguém me ama
Ninguém me quer
Ninguém me chama
De “meu amor”

A vida passa
E eu sem ninguém
Ninguém me abraça
Não me quer bem.
Vim pela noite tão longa,
De fracasso em fracasso
E hoje, descrente de tudo
Me resta o cansaço,
Cansaço da vida,
Cansaço de mim,
Velhice chegando
E eu chegando ao fim.

Abraços, Iná


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