terça-feira, 22 de maio de 2012

Iná Poggetti

A questão de privacidade.


Você já descobriu que poder escolher suas companhias é divino. (item onze do primeiro post)

Mentalmente todos participamos de um mundo todo especial, onde podemos ir em busca das companhias que apreciamos. A realidade, no entanto geralmente é outra.

Inicialmente quando crianças, passamos por um período chamado pré-operacional (dos dois aos sete anos) antes da socialização, definido por Jean Piaget, que foi um epistemólogo suíço que se preocupou em observar e definir as várias etapas do desenvolvimento infantil.

Nesse período a criança desenvolve brincadeiras e atividades solitárias e parece que vive num mundo todo dela. Ela até fica junto com outras crianças, mas a interação praticamente não existe.

Aos poucos vamos aprendendo, pela orientação cultural, que devemos dividir nosso brinquedo como o Joãozinho, que devemos brincar de boneca com a Maria e assim começa nossa interação com outros seres humanos e a aprendizagem que devemos aceitar companhias em nossas vidas.

Você pode ver que estar sozinho é parte de um período pelo qual você passou.

Agora, relativo às companhias que temos, ainda quando crianças, não nos resta muita escolha a não ser aceitarmos aquilo que nosso meio nos oferece. Isto é: pessoas que estão ao nosso redor e convivem na mesma comunidade que nós.

Na juventude conhecemos pessoas, gostamos de algumas, não gostamos de outras e muitas vezes, tentamos conviver com todas achando que podemos precisar delas no futuro.

Vamos assim construindo nossa rede de relacionamentos, muitos dos quais acabam durando por uma vida toda. Não foi Mark Zuckerberg que descobriu a rede de relacionamentos (Facebook)....isso sempre existiu.

Gostamos de uns, não gostamos de outros. Em geral, o que acontece é que daqueles relacionamentos que não gostamos, mantemos assim mesmo a convivência. Umas vezes por pena, outras porque achamos que são pessoas muito importantes outras por medo, quando existe uma relação clara de autoridade e/ou hierarquia. Não esgoto aqui de maneira nenhuma todas as possibilidades. Cito somente algumas.

Meu filósofo preferido sempre vem em meu socorro; assim ele diz:

“Minha solidão não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas… Detesto quem me rouba a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia...”.

Friedrich Nietzsche

Impossível não concordar não acha? Eu, pelo menos, concordo.

Como sempre gosto de citar as barreiras e bloqueios que encontramos, cito aqui também, as que encontramos nesse caso:

O que chamamos de “ser educado”, “ser polido”, “ser cordial”, toma em nossas vidas um vulto enorme agora, se nos consideramos adultos. Não podemos rejeitar pessoas, não podemos dizer a elas que não gostamos delas, não podemos escolher nossas companhias, correndo o risco de sermos excluídos da raça humana.

Tudo bem, estou exagerando.... ou não? Sei que tem pessoas que sentem assim: querendo escolher companhias que somente lhes tragam prazer, e não conseguindo, pois se veem diante de imposições sociais, morais e até situações onde negócios forçam determinadas escolhas e relacionamentos.

Podemos pensar que, pelo menos em nossas casas poderíamos ter essa escolha, mas muitas vezes isso também não acontece. Temos aquele amigo que aparece sem avisar, aquele vizinho curioso que entra sem bater e por aí afora.

E com os familiares? Como as coisas acontecem? Você está em seu quarto e a porta de repente é escancarada por alguém que não bateu e quer falar com você ou emprestar algo seu?

A definição e ampliação de nosso espaço de privacidade é algo que conseguimos aos poucos. Investir em aprender isso (privacidade) é algo útil para a vida toda, porque não só resgatamos um pouco de escolhas que já perdemos como ensinamos outros a terem sua privacidade e a exigir privacidade em suas relações.

Alternativas existem! Existem, mas são atitudes difíceis de serem tomadas, pois estão impregnadas de aprendizados que vão contra tudo o que aprendemos até então.

Soluções? Sim, também existem. Precisamos reaprender o que significa privacidade, e daí partimos para nos sentir no direito de escolhermos nossas companhias. E, de preferencia aquelas que nos oferecem “verdadeiras companhias” como diz Nietzsche, logo acima.

Reformular nossos conceitos de respeito, educação e polidez trazem sempre reflexões boas, que podem nos conduzir em direção a tais objetivos.

Questões tais como: “Por que razão permito aquilo que me faz mal, que me irrita, me tira do sério, me prejudica enfim?”

Essa investigação costuma trazer bons resultados quando nossos próprios bloqueios também são questionados.

Investigue sempre você mesmo, pergunte-se sobre suas possibilidades, sobre seus medos, suas crenças e fantasias. Esse processo costuma nos levar sempre a aprender mais sobre nós mesmos, desde que nos consideremos merecedores de nossa própria atenção, respeito e cuidado.

Abraços, até a próxima semana – Iná

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