A questão de
privacidade.
Você já descobriu que poder escolher suas
companhias é divino. (item onze do primeiro post)
Mentalmente todos participamos de um mundo todo especial,
onde podemos ir em busca das companhias que apreciamos. A realidade, no entanto
geralmente é outra.
Inicialmente quando crianças, passamos por um período
chamado pré-operacional (dos dois aos sete anos) antes da socialização,
definido por Jean Piaget, que foi um epistemólogo suíço que se preocupou em
observar e definir as várias etapas do desenvolvimento infantil.
Nesse período a criança desenvolve brincadeiras e atividades
solitárias e parece que vive num mundo todo dela. Ela até fica junto com outras
crianças, mas a interação praticamente não existe.
Aos poucos vamos aprendendo, pela orientação cultural, que
devemos dividir nosso brinquedo como o Joãozinho, que devemos brincar de boneca
com a Maria e assim começa nossa interação com outros seres humanos e a
aprendizagem que devemos aceitar companhias em nossas vidas.
Você pode ver que estar sozinho é parte de um período pelo
qual você passou.
Agora, relativo às companhias que temos, ainda quando
crianças, não nos resta muita escolha a não ser aceitarmos aquilo que nosso
meio nos oferece. Isto é: pessoas que estão ao nosso redor e convivem na mesma
comunidade que nós.
Na juventude conhecemos pessoas, gostamos de algumas, não
gostamos de outras e muitas vezes, tentamos conviver com todas achando que
podemos precisar delas no futuro.
Vamos assim construindo nossa rede de relacionamentos,
muitos dos quais acabam durando por uma vida toda. Não foi Mark Zuckerberg que
descobriu a rede de relacionamentos (Facebook)....isso sempre existiu.
Gostamos de uns, não gostamos de outros. Em geral, o que
acontece é que daqueles relacionamentos que não gostamos, mantemos assim mesmo
a convivência. Umas vezes por pena, outras porque achamos que são pessoas muito
importantes outras por medo, quando existe uma relação clara de autoridade e/ou
hierarquia. Não esgoto aqui de maneira nenhuma todas as possibilidades. Cito
somente algumas.
Meu filósofo preferido sempre vem em meu socorro; assim ele
diz:
“Minha solidão
não tem nada a ver com a presença ou ausência de pessoas… Detesto quem me rouba
a solidão, sem em troca me oferecer verdadeiramente companhia...”.
Friedrich Nietzsche
Impossível não concordar não acha? Eu, pelo menos, concordo.
Como sempre gosto de citar as barreiras e bloqueios que
encontramos, cito aqui também, as que encontramos nesse caso:
O que chamamos de “ser educado”, “ser polido”, “ser
cordial”, toma em nossas vidas um vulto enorme agora, se nos consideramos
adultos. Não podemos rejeitar pessoas, não podemos dizer a elas que não
gostamos delas, não podemos escolher nossas companhias, correndo o risco de
sermos excluídos da raça humana.
Tudo bem, estou exagerando.... ou não? Sei que tem pessoas
que sentem assim: querendo escolher companhias que somente lhes tragam prazer,
e não conseguindo, pois se veem diante de imposições sociais, morais e até
situações onde negócios forçam determinadas escolhas e relacionamentos.
Podemos pensar que, pelo menos em nossas casas poderíamos
ter essa escolha, mas muitas vezes isso também não acontece. Temos aquele amigo
que aparece sem avisar, aquele vizinho curioso que entra sem bater e por aí
afora.
E com os familiares? Como as coisas acontecem? Você está em
seu quarto e a porta de repente é escancarada por alguém que não bateu e quer
falar com você ou emprestar algo seu?
A definição e ampliação de nosso espaço de privacidade é
algo que conseguimos aos poucos. Investir em aprender isso (privacidade) é algo
útil para a vida toda, porque não só resgatamos um pouco de escolhas que já
perdemos como ensinamos outros a terem sua privacidade e a exigir privacidade
em suas relações.
Alternativas existem! Existem, mas são atitudes difíceis de
serem tomadas, pois estão impregnadas de aprendizados que vão contra tudo o que
aprendemos até então.
Soluções? Sim, também existem. Precisamos reaprender o que
significa privacidade, e daí partimos para nos sentir no direito de escolhermos
nossas companhias. E, de preferencia aquelas que nos oferecem “verdadeiras
companhias” como diz Nietzsche, logo acima.
Reformular nossos conceitos de respeito, educação e polidez
trazem sempre reflexões boas, que podem nos conduzir em direção a tais
objetivos.
Questões tais como: “Por que razão permito aquilo que me faz
mal, que me irrita, me tira do sério, me prejudica enfim?”
Essa investigação costuma trazer bons resultados quando
nossos próprios bloqueios também são questionados.
Investigue sempre você mesmo, pergunte-se sobre suas
possibilidades, sobre seus medos, suas crenças e fantasias. Esse processo
costuma nos levar sempre a aprender mais sobre nós mesmos, desde que nos
consideremos merecedores de nossa própria atenção, respeito e cuidado.
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