terça-feira, 15 de maio de 2012

Iná Poggetti


Dá para sentir prazer na solidão?!


Você já descobriu que estar sozinho é prazeroso. (item dez do primeiro post)

Os conceitos de estar sozinho e solidão são comumente tomados com o mesmo peso emocional.

Estar sozinho, assim como solidão têm peso de rejeição, abandono, marginalidade, etc., pelo menos na maioria das vezes.

No entanto podemos descobrir prazer e, em certos momentos até preferir ficarmos sozinhos. Mas não é assim que a maioria de nós encara esse fato.

Vejamos então o que podemos fazer para apreciarmos nossa companhia:

Leitura: leitura é uma atividade basicamente solitária, mas se estivermos lendo um romance ou aventura estaremos acompanhados o tempo todo com os personagens cujas imagens nossa mente constrói, com as dicas do autor. Se estamos lendo um estudo que nos interessa também estamos em uma atividade solitária, mas acompanhando o que o autor descobriu ou está nos contando de suas descobertas e a partir daí, você pode começar a perceber o quanto a sua própria companhia pode ser agradável. Você tem imaginação, sabe construir imagens, sabe se encantar e sentir-se “viajando e visualizando” os lugares que o autor indica e que sua criatividade constrói de um modo muito particular.

O problema maior que temos é que leitura não é uma atividade valorizada. Pelo contrário: reservamos a leitura para aqueles momentos que podemos “perder tempo, ou quando não temos mais o que fazer”.

Além do mais, existe uma aversão comum à leitura. Acredito que isso se deva ao sentido implícito de “perda de tempo”, junto com a má qualidade de muitas publicações hoje em dia.

Leitura não é algo incentivado, mas sim algo que é deixado para o momento  que “não temos mais o que fazer”. Dificilmente “não temos mais o que fazer”. Temos o nosso trabalho (obrigação) a tv, computador, conversa com amigos (para não nos sentirmos solitários), jogos, etc.

Analisando novamente a “necessidade” inconsciente que nos assombra de estarmos cercados de pessoas podemos perceber também que, pessoas que mantém atividades solitárias nem sempre são bem vistas. São tidas como estranhas, muitas vezes esnobes, ou como jargão popular diz: “pessoas que não querem se misturar”.

Além disso, somos ameaçados constantemente com a ideia de que precisamos ter amigos ou companhia devido a nossa possível necessidade no futuro; explico melhor:

Somos incentivados a manter relações com outras pessoas pela possibilidade futura de precisarmos deles, e somos orientados a agir com os outros visando essa garantia futura. Mesmo não existindo uma dependência real, atual, agimos de forma inconsciente pensando na retribuição futura. O futuro, segundo essa forma de pensar, é supersticiosamente garantido pelo medo. E esse medo que alimentamos nos mantém na dependência de outros.

Infelizmente cultivamos a maioria das nossas relações muito mais por medo de agirmos sozinhos.

Mas não é esse o ÚNICO problema. Outro problema é que na medida em que acreditamos que seremos incapazes de cuidar sozinhos de nós mesmos, regulamos nossas ações em função dessa crença, isto é: não exploramos nossas reais possibilidades, não ousamos além do que a limitação dessa crença nos impõe. Se formos muito eficientes, além dessa nossa crença, vamos descobrir que precisamos menos dos outros do que fomos orientados a pensar. E essa descoberta provoca um conflito que não queremos sentir. Está incluída nesse conflito inclusive a confusão de ideias de que, não depender, é não gostar do outro, ou outros. Ao nosso conceito de independência está ligada a crença de frieza de sentimentos, coisa que não corresponde ao que realmente ocorre com pessoas independentes.

As colocações acima se referem a bloqueios que usualmente temos e nem ao menos percebemos.

Para que você aprenda que solidão não é “um bicho de sete cabeças” e que É uma coisa boa que você deve cultivar, precisa permitir a conscientização das dificuldades inerentes às determinações culturais, brigar com elas, ampliar as alternativas na maneira de analisar a forma de ver o mundo.

Os medos que sentimos ao nos permitirmos tal abertura são perfeitamente compreensíveis, pois desde pequenos somos ensinados que nascemos com o “pecado original”* entre outras tantas falas que só atuam como demérito e desvalorização do ser humano. Isto é: você é por princípio um “ser inferior”. Já nasce pecador, embora nem saiba o que isso significa.

Essa e outras crenças culturais semelhantes enfraquecem as tentativas de desenvolvimento do ser, considerando-se que essa e outras mensagens da mesma categoria são nos passadas com frequência altíssima. Portando essa “coisa” com que você tem que brigar se quer sair desse “enrosco” é poderosa e devastadora. Aqueles que saem são verdadeiros heróis.

Gostaria de falar a respeito de outras atividades solitárias que você também pode fazer, mas fica para outros posts porque, como você viu, só falando de leitura esgotei meu espaço (o tamanho do post foi um acordo feito por mim, comigo mesmo... no máximo três páginas do Word...)

Uma boa semana para você e até a próxima

Abraços, Iná

* “pecado original” -  Embora haja entendimentos diferentes a respeito do significado do pecado original, a posição que é mais aceita e passada na educação é que o pecado original existe para todo ser humano, pela herança recebida de Adão e Eva que desobedeceram as ordens de Deus.



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