Por que não VOCÊ em primeiro lugar?
Faço sempre
essa pergunta a mim mesma e aos que se empenham em uma busca mais profunda de
qualidade de vida.
Muitas
respostas que ouço e reações que percebo, são as de achar tal possibilidade
pretensiosa e egoísta.
Vamos analisar
tal proposta- a de VOCÊ em primeiro lugar:
Primeiro, quero
contar para você uma coisa que acredito muito, e é atribuído a uma figura
lendária, de Minas Gerais, Araxá: leia....
“Das estórias
de Dona Beja (lá em Araxá) uma das mais conhecidas é esta: certas senhoras
incomodadas com a presença daquela mulher "perdida" que tinha hábitos
pouco convencionais, mandaram-lhe um dia uma estranha caixa como se fosse um
presente. Ao abri-la Dona Beja notou que o conteúdo era um monte estrume.
Evidentemente ficou chocada. Mas resolveu dar uma resposta inversamente
proporcional à ofensa. Mandou colher rosas, botou-as dentro de uma caixa e
despachou-as para as referidas senhoras , com um bilhete: "Cada um dá o
que tem"”.
Já parou para pensar no que você tem de seu, pessoal,
não material, que pode dividir com aqueles que ama? Quais qualidades,
conhecimentos, aprendizados, amores, paixões, criatividades?
Outra pergunta: o que você divide de seu com os outros
se não investe, não cuida de si mesmo? Qual é a qualidade do que você tem, para
dividir com os outros?
E mais uma pergunta: se você quer ser solidário/a e
dividir o que sabe, o que tem, como fica
a influência que você pode exercer sobre os outros, se não dá o exemplo de
cuidar de si mesmo?
Essas observações todas vêm pelo fato de que, em nossa
cultura, cuidar de si mesmo cheira egoísmo, individualismo excessivo, vaidade,
até luxúria (lembra-se dos sete pecados capitais?)
Ao contrário do que dizem, eu penso que cuidar de si
em primeiro lugar é a maior demonstração de respeito ao próximo.
Quando você sabe realmente o que significa “cuidar de
si mesmo”, pode partilhar o que sabe com muito maior qualidade do que quando
fica dividindo bens materiais. Eles podem até dar conforto imediato, mas não ensinam
ninguém a ter autonomia; pelo contrário, mantem a dependência!
A primeira coisa que você partilha com o outro é o
cuidado em si. Você dá um modelo de autoestima, carinho e cuidado de si, de tal
forma que o outro percebe o apreço que há nos seus gestos e com certeza vai
querer isso para ele também.
A questão é que essa forma de ser não dá “ibope”, pois
você não precisa fazer pelo outro, você só precisa SER. O outro, vendo o sucesso do seu cuidado, começa a fazer por si
mesmo e a maioria das pessoas só se sente útil quando mantém um estado de
dependência do outro. Com isso as pessoas se sentem necessárias. De outra
forma, não existe um sentimento de participação. Isso precisa mudar em você:
perceber o que e a quem você
influencia e valorizar isso em você.
Uma razão pela qual acho que as pessoas não se
realizam sendo somente um bom exemplo é que nos ligamos demais em questões
materiais, cujo valor só é atribuído pelo dinheiro, a moeda e o que ela pode
comprar. Mesmo que seja um bem usado, ele foi adquirido pelo dinheiro. E nós
continuamos a manter as relações de dependência.
SER, no verdadeiro sentido da palavra, é muito mais
difícil do que ganhar dinheiro. Por pouco que seja!
Sempre encontro um que seja um pouco mais miserável do
que eu para repartir.
É muito mais difícil entender o valor de um exemplo,
de um modelo de viver e de SER.
Consequentemente, muito menos pessoas saberão repetir e reproduzir tais valores
e modelos.
Isso torna menos atrativo cuidar de si mesmo. Também
porque, se você observar, como já foi dito antes, em determinados meios, esse
cuidar de si mesmo é muito mal visto e muito criticado.
Deixamo-nos levar então pela convenção politicamente
aceita e procuramos, na medida do possível, dividir nossos valores materiais e
muito mais raramente investimos em nossos acréscimos pessoais para dividirmos
qualidade de vida.
Mesmo que você esteja protestando aí: -“Mas dividir
bens materiais também é um exemplo a ser
seguido”, eu contesto com o seguinte: -“Dividir bens materiais, mantém o nosso
conforto por algum tempo, mas deixamos de dividir o que há de melhor em nós
mesmos, isto é: aquilo que podemos SER
ao ensinar a pescar e não ao distribuir o peixe”.
Abraços, Iná
Rua
Dr. Antônio Frederico Ozanan, 309, Limeira, SP
CNPJ: 14.057.242/0001-26
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