sexta-feira, 1 de junho de 2012

Marrocos


A falta de investimento e de cuidado com o patrimônio histórico fez com que muitas fortalezas no Marrocos tenham se deteriorado com a passagem do tempo, o vandalismo e as condições climáticas adversas.
Na cidade litorânea de Azemmour, colonizada pelos portugueses em 1513, os canhões corroídos da fortaleza estão jogados no chão e rodeados de lixo.
Famosa pelos vinhedos que a rodeiam, a fortaleza de Boulaouane, que faz parte das 76 cidades construídas pelo sultão Moulay Ismail no século 17, é outro exemplo do abandono do patrimônio histórico marroquino.
"Fortalezas como a de Boulaouane necessitam de muito dinheiro para serem restauradas, o Ministério da Cultura não pode arcar com estas despesas sozinho, e no Marrocos não há investimentos privados em economia cultural", explicou à agência Efe Abdellah Saleh, diretor de Patrimônio Cultural da pasta.
Saleh explicou que outro dos inconvenientes "é que muitas vezes algumas pessoas vivem nestes locais, e para reformá-los é preciso transferi-las para outros lugares", o que significa mais um problema, que se soma à falta de dinheiro e à dificuldade de preservar o lugar após a restauração.
"Quando conseguirmos financiamento os grandes monumentos serão salvos, as fortalezas terão uma função cultural e causarão um impacto econômico e social", afirmou um esperançoso Saleh, que ressalta a "importância de sensibilizar as pessoas" sobre o assunto.
Wikimedia Commons
Centro antigo da cidade de Azemmour, no Marrocos
Centro antigo de Azemmour, no Marrocos; cidade litorânea foi colonizada por portugueses em 1513
Mehdia é outra amostra de abandono, mas também um esforço de resgate. A fortaleza estava há décadas sem nenhum tipo de cuidado, cheia de lixo.
Refúgio de portugueses e colonizada por piratas, em 1614 os espanhóis expulsaram de Mehdia os corsários e durante os 67 anos que permaneceram ali construíram grande parte da fortaleza, até que foram desalojados pelas tropas de Moulay Ismail. Vários séculos depois, no desembarque dos americanos durante a Segunda Guerra Mundial, em 1942, o enclave sofreu sérias avarias.
Hoje, são os próprios americanos que financiaram junto à direção do Patrimônio Cultural do Marrocos os trabalhos de restauração parcial do palácio de Dar al Makhzen, construído pelo sultão Ismail e centro da fortificação.
A Associação de Formandos do Instituto Nacional de Ciências da Arqueologia e do Patrimônio (ALINSAP), encarregada da obra, adverte sobre "o estado geral de abandono no qual se encontra o lugar".
"Todos os esforços realizados serão em vão se não forem realizadas mais operações para salvaguardar a fortaleza", comentou a ALINSAP.

(fonte: Folha on line)

Nenhum comentário:

Postar um comentário