terça-feira, 26 de junho de 2012

Iná Poggetti


Conflitos do Ser

Bem, acabamos os itens do primeiro post (pulei alguns que me pareceram redundantes) e gostaria muito que você me enviasse um tema para eu desenvolver. Prometo que faço o melhor que puder.

Enquanto aguardo sua participação, escolhi para hoje  discutir o aforismo abaixo do meu filósofo preferido que, como você já deve saber é Friedrich Nietzsche.

“Quando adestramos a nossa consciência, ela beija-nos ao mesmo tempo que nos morde” Friedrich Nietzsche

Para começarmos, explico o que é um aforismo: é uma sentença curta, condensada, que encerra um pensamento.

A esse respeito Nietzsche citou:

“O aforismo, a sentença, nos quais pela primeira vez sou mestre entre os alemães, são formas de «eternidade»: a minha ambição é dizer em dez frases o que outro qualquer diz num livro -, o que outro qualquer «não» diz nem num livro inteiro....” Friedrich Nietzsche.

Sabemos que ele escrevia grandes textos e depois tirava o que achava essencial e publicava, além do que, dizia: "Os meus escritos são compostos de tal maneira que interpretá-los exige uma faculdade muito especial, que os homens modernos não têm, uma faculdade de ruminação; para entender os meus escritos precisa ser de alguma forma vaca, isto é, precisa ter capacidade de ruminar e perder tempo com eles", isso porque ele escrevia para os alemães de cem anos atrás!
Agora que já falei um pouco sobre esse autor, volto ao aforismo que me propus a discutir contigo: “Quando adestramos nossa consciência, ela beija-nos ao mesmo tempo que nos morde”.
Vou colocar aqui o que eu penso que Nietzsche tencionava com tal aforismo.
Pouco exploramos sobre nós a não ser quando percebemos algum mal estar, desconforto. Geralmente nos comportamos segundo regras culturais que seguimos fielmente sem discutirmos.
Mesmo quando sentimos mal estar, a nossa tendência é procurarmos causas físicas para tais males. Não que elas não existam, mas sabe-se que muitos sintomas físicos são provenientes de fatores psicológicos que nem ao menos damos valor.
Podemos ver isso, quando para algumas situações de depressão, chamamos de preguiça. É o que parece mesmo muitas vezes, porque ao se deprimir uma pessoa perde vontade de fazer coisas que antes ela fazia. Aí, por vezes confundimos com preguiça, relaxo, etc. Só vamos ficar mais alertas, quando essa “preguiça” começa a tornar incapacitada a pessoa em questão.
O grande problema que encontramos quando investigamos nossa consciência, é que a maioria dos conceitos morais que nos moldaram durante nossos anos de formação vão diretamente contra a nossa maneira “pura”, digamos assim, de conceber o que vemos.
Já citei em artigos anteriores, o fato de não sermos iguais (leia o artigo aqui no blog da Cláudia clicando no link anterior). No entanto isso é um conceito fortemente defendido por uma maioria que prega que somos sim todos iguais e deixam um rastro de reprovação para aquele que ousar ir contra tal ideia. Você admitir que não somos iguais, implica em você ser achincalhado pela maioria de seus relacionamentos.
Outro fator que cito como incompatível com a forma que nossa consciência identifica as coisas são os preceitos de educação que recebemos. Somos educados a falar a verdade, no entanto, determinadas verdades não se fala.
Cito aqui, “À Minha Volta, Reprovava-Se A Mentira, Mas Fugia-Se Cuidadosamente Da Verdade.” Simone De Beauvoir, cujo texto intitulado “Sobre o conceito da Mentira” você pode ler clicando no link acima.
O que quero dizer com tudo isso é que aquilo que chamamos de “civilidade” nos tolda a visão de quem realmente somos. E nossa consciência fica encoberta e obscurecida.
Acredito que essas são algumas das especificações que se pode fazer, ao analisarmos o aforismo de Nietzsche.
Ao darmos ouvidos para nossa consciência, ela primeiro nos beija, pois nos damos crédito, ouvimos nosso interior, nossas raízes e nossa razão, e ao mesmo tempo nos deparamos com o conflito provocado pelos conceitos que aceitamos e que batem de frente com o que é “natural”, instintivo.
O que é chamado instintivo é tudo que o que é chamado civilizado não aceita.
Veja o sexo, por exemplo. Ele está confinado a privacidade e se sair desse contexto ele é imediatamente tomado como escândalo. Veja formas diretas de se comunicar: geralmente quando você diz não a algo, você é imediatamente catalogado como grosso, sem educação e por aí afora.

Podemos analisar muitas outras formas em que quando adestramos a nossa consciência ela nos beija e nos morde ao mesmo tempo, mas acho que, usando as referências acima você mesmo pode acrescentar itens nessa nossa proposta, investigar sua consciência e identificar onde você é beijado (a) e/ ou mordido (a).

Faça esse exercício: verifique o que você pensa a respeito de determinadas coisas e o que você realmente expressa quando está em contato com a comunidade na qual convive. Você vai entender muito bem o que estou colocando.

Abraços, Iná. Até a próxima semana.

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