terça-feira, 19 de junho de 2012

Iná Poggetti


PREPOTÊNCIA

- Você já descobriu que seu bem estar depende inteiramente de você. Item vinte do primeiro post.
- Você já descobriu que se os outros comandam sua vida foi porque você deixou. Item vinte um do primeiro post.

Para ilustrar os itens acima, vou contar pra você como analisei uma atribuição que foi feita a mim por uma pessoa: leia abaixo;

Esses dias alguém me chamou de prepotente. Alguém que eu não vejo e não converso faz, mais ou menos... uns vinte anos.

Não posso dizer que “passei batido” pela situação. Não! Fui procurar o significado mais claro possível da palavra. Deixei para depois analisar as possíveis razões pelas quais essa pessoa teria me aferido tal qualidade!

Encontrei: adj. Muito poderoso ou influente.
                       Opressor, despótico.


“Muito poderoso ou influente”... hum.... obrigada...., essa eu gostei, mas como disse, por uns vinte anos sem me encontrar com tal pessoa... como ela poderia saber? De qualquer  forma comecei a me sentir “elogiada” ao invés de “ofendida”, e também comecei a imaginar se essa pessoa teria tido o cuidado de se informar a respeito do significado da palavra. Teria ela ouvido algo a meu respeito que eu mesma não estava sabendo? Sei não!!

“Opressor, despótico”? Como? Como já disse não via ou conversava com essa pessoa há uns vinte anos.... A menos que essa pessoa me imaginasse o tempo todo com ela, impelindo-a por meio de  algum ato opressivo e despótico a fazer algo que ela repudiasse e, logicamente se eu tivesse ficado congelada por vinte anos sem ter feito nenhuma mudança na minha vida, ainda podia ser que essa pessoa tivesse sabendo do que falava, ou melhor, tentava me  falar. Não que minha mudança pudesse ter algum significado que suavizasse o conceito, mas...

Achei uma outra definição: Abuso do poder ou autoridade

Lógico que, para abusar do poder eu preciso primeiro TER poder ou autoridade sobre algo ou alguém!! 

Gostaria de saber qual poder ou autoridade eu tenho sobre uma pessoa com a qual não convivo por vinte anos.

Eu realmente me assustei com essa minha importância não identificada nem exercida por mim.

Gostaria de entender como se exerce esse poder “à distância”... Já pensou em quantas coisas eu poderia desejar e conseguir? Até parece aquele desenho dos ratinhos que tentam conquistar o mundo...PINK E CÉREBRO!! – “o que nós vamos fazer hoje cérebro?” pergunta Pink... e Cérebro responde: “Hoje vamos tentar dominar o mundo!!!!”

Se você tem filhos da idade dos meus ou ainda é jovem, sabe do que estou falando!!

Continuo com a mesma dúvida: Como é que uma pessoa pode classificar outra com quem não tem contato, nem por palavras, muito menos geográfico de “prepotente”?

Deve ser por que ela “ouviu dizer” algo ou alguma coisa, ou... muitas coisas!!... por outras pessoas....assumiu como verdade, e tomou pra si as dores dos “desdenhados”... pode ser!

Mas, com certeza essa pessoa se baseou em alguma coisa! E, provavelmente na sua própria imaginação, reforçada pelas suas próprias escolhas do que dar importância ao ouvir comentários, ou não dar importância.

Afinal, após procurar em vários dicionários, só pude encontrar a  repetição, às vezes com outras palavras, da mesma definição.

Fora os dicionários encontrei, é lógico, definições mais acaloradas, envolvidas de gosto moralista a respeito da tal palavra.

Tais definições moralistas não foram tomadas por mim como referência, pelo simples fato de serem moralistas! E leigas!

Explico melhor: se em dicionários que temos autores com real autoridade sobre a língua já se tem margem para duplo ou triplo entendimento, o que seria de nós se nos baseássemos em definições leigas? Não que isso não aconteça o tempo todo...

AHÁ!

Demorei pra entender, mas acho que “caiu a ficha”. A pessoa que me classificou de prepotente com certeza tomou posse de alguma definição leiga, referente aos seus próprios sentimentos de impotência diante de uma influência não planejada da minha parte, mas permitida por ela, sobre ela!!

Bem, agora já sei que, se essa pessoa me chamasse de “lerda” eu aceitaria incondicionalmente!! Eheh

Bem, feita essa análise “meia-boca” da minha parte, acho que posso e DEVO aceitar qualquer qualidade atribuída a mim, inclusive por entender que cada um tem direito a sua própria interpretação dos fenômenos, especialmente daqueles que ela fantasia a respeito de si mesma e dos outros.

Sou prepotente para uns, simpática para outros, chata para outros ainda e agradável para uns outros, arrogante para fulano, um amor para cicrano, um horror e etc. etc. pois essa lista pode ser muito longa se eu continuar.

Nessa mixórdia toda, acho que podemos tirar algumas conclusões, melhor: eu posso tirar algumas conclusões que passo a relatar pra você agora.

- Se eu não tiver um auto conceito, do qual eu formo uma autoimagem, estou fadada a viver a vida, o conceito, o julgamento dos outros sobre mim.

- Se eu não tiver um auto conceito e autoimagem, tentarei é lógico, me adaptar a cada palpite ou julgamento que façam a meu respeito.

- Se eu não tiver um auto conceito e autoimagem e ficar tentando me adaptar ao que os outros pensem de mim, provavelmente viverei tentando negar (se for depreciativo) e provar ao outro que ele estava errado.

- Se eu não tiver um auto conceito e autoimagem e ficar tentando me adaptar ao que os outros pensem de mim, se for elogioso, ficarei lutando e tentando manter aquele modo de vida pelo qual acho que estou sendo aprovada. Viverei pelos valores dos outros, não pelos meus, isto é: não terei uma vida minha, mas tentarei viver o que acho que os outros gostam em mim, independente  de ser bom ou não pra mim.

- Se eu não for construindo e desconstruindo e construindo novamente esse auto conceito e autoimagem estarei fadada a parar no tempo, tornar minha vida um inferno de repetições e repetições até que a morte me chegue para meu alívio.

Isso tudo porque temos conceitos diferentes a respeito de palavras iguais.

Posso resumir minha posição em poucas palavras: dou sim importância para o que os outros têm a dizer. Tanto a meu respeito, quanto a respeito de qualquer outra coisa nesse nosso mundão.

A única diferença que faço é que, FICA A MEU CRITÉRIO assumir se essas palavras vão ter valor na minha vida, se elas vão significar alguma coisa.

Nesse caso que estamos falando aqui, acho que cada um sente-se como quiser a respeito do outro.

Agora, pra dizer sinceramente o que penso, acho que cabe aqui o que muito sabiamente Freud fala a respeito de projeção: “A hostilidade é projetada da percepção interna para o mundo externo, trocando-se a repressão interna por uma coerção de origem externa”.

Não que eu não seja realmente prepotente no entender de muitos... Mas, no caso descrito acima, não sei como é que essa pessoa sabe, pelas restrições que citei acima, a não ser que ela estivesse falando dela mesma!!

Abraços, Iná

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