O mundo não gira ao seu redor!!
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Você já descobriu que o mundo não gira ao
seu redor. Se quer alcança-lo, corra atrás. Item 18 do primeiro post.
Para você entender a dificuldade de sairmos dessa posição de que o mundo
gira em nosso redor e por nossa causa, vou te contar uma historinha:
Tudo parece ter começado com uma
mudança ocorrida por volta do ano de 312 depois de Cristo, com a oficialização
da crença Cristã cujos membros a princípio eram perseguidos por Constantino e
depois numa jogada política estratégica foram colocados no poder pelo mesmo
Constantino, dando início assim à Igreja Cristã.
Na constituição e formalização dessa Igreja Cristã, ( por volta de 325
DC) os bispos que participaram do concílio de Nicéia, juntamente com os
estudiosos, pesquisadores da época, definiram que o homem era uma criação
divina e a Terra era o centro do Universo. Acreditavam principalmente que o Sol
girava em torno da Terra, portanto o foco da atenção divina era a Terra.
Nicolau Copérnico (1473 a 1543) já postulava a teoria do heliocentrismo, isto é o Sol e
não a Terra (geocentrismo) era o centro do sistema solar.
Anos depois (1564 a 1642), um sujeito chamado Galileu Galilei, melhorou
o telescópio refrator (entre outros feitos) e observava e anotava os movimentos
da Terra, do Sol e também confirmou a ideia de que o Sol NÃO girava em torno da Terra, mas ao
contrário, a Terra girava em torno do Sol.
A ideia de o homem ser o centro do Universo cairia por terra se fosse
permitido a Galileu Galilei divulgar seus achados. Ele tentou por vários meios,
publicou algumas vezes, mas foi sempre boicotado, sob pena de ser julgado
culpado de heresia pela Igreja e ser condenado à morte. Galileu Galilei acabou
morrendo, tendo retratado sua posição, dissimulando seu achado em função de
preservar sua vida.
No entanto sua posição não pôde ser escondida e negada por muito mais
tempo. Acabamos por nos conscientizar que afinal a Terra é que gira em torno do
Sol. (pelo que sabemos até agora – sei lá se não vão descobrir mais coisas que
nos porão na idade média de novo)
Apesar de tudo isso ter ocorrido há centenas de anos e de já termos sido
informados da nossa nova posição aqui na Terra, a ideia de que os fenômenos
acontecem em função do homem ainda persistem no nosso inconsciente.
No âmbito do indivíduo, cada um de nós supõe que o outro fez algo por
nossa causa, que nós causamos determinadas desavenças, que o outro nos provoca,
etc.
Essa atitude levada a extremos chega a níveis de superstições muitas
vezes brincalhonas, divertidas e muitas vezes, perigosas e insanas.
Você já deve ter visto pessoas pularem três ondas na passagem do Ano
Novo, ou baterem três vezes na madeira, ou fecharem e abrirem e fecharem
novamente uma porta, e por aí afora. O que está implícito por trás desses comportamentos é que “se isso for feito, algo
de bom acontece, ou mesmo se isso não for feito, algo de ruim acontece” e tem
relação direta com você ser o centro de atenção de algo, de alguma coisa.
A ideia de “centro do Universo” em âmbito individual, provoca em cada um
de nós a necessidade de continuarmos como centro de acontecimentos que nos
mantém numa ligação ansiosa com as ocorrências e ao mesmo tempo nos impedem de separar
aquilo que realmente compete a nós e o que não compete.
Assim, assumimos aquilo que diz respeito a nós e aquilo que também não
diz respeito a nós. Não é fácil entender os pontos de separação, pois eles
competem com nossa necessidade, estabelecida por milhares de anos de sermos o
centro. Isso está incutido em nossas mentes de forma tal, que nossa identidade
como seres humanos depende em muito disso para sobrevivermos.
Quando entendemos que não somos o centro do Universo, de forma
individual, tornamo-nos pessoas que buscam mais alternativas para consecução de
nossos objetivos, mais insistentes, mais curiosas, portanto, fazemos muito mais
buscando aquilo que almejamos para nossas vidas.
Entender que não somos o centro do Universo também nos favorece na
medida em que, para mantermos a nossa identidade, passamos a buscar em nós
mesmos as características necessárias para o nosso bem estar, assim como
identificamos que o que causa nosso mal estar somos nós mesmos. São as formas
como interpretamos o que nos acontece. Percebemos que nossos pensamentos e
emoções é que nos conduzem pelos caminhos da vida.
“Quem só tem o espírito da história não compreendeu
a lição da vida e tem sempre de retomá-la. É em ti mesmo que se coloca o enigma
da existência: ninguém o pode resolver senão tu!”
Friedrich
Nietzsche
Abraços, Iná
Équilibré
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