O medo da solidão, desamparo!
Resolvi colocar hoje três itens em discussão. Eles estão aí abaixo. E, para você que está pegando o bonde andando, esses itens dizem respeito ao primeiro post que escrevi intitulado “Aprendendo a Rir de Si Mesmo”.
Os itens que eu
proponho juntarmos são:
4.
Você já descobriu que é uma boa companhia para si mesmo.
5.
Porque você já descobriu que pode fazer um montão de coisas sem a
participação de outros.
6.
Você já descobriu que a participação de outros na sua vida é boa, mas
isso não significa que tenha sempre que estar de acordo.
Ser uma boa companhia para si mesmo.
Concordo com você se me disser que não é
fácil compreender isso, quanto mais colocar isso em prática. Você está
totalmente certo/a. Mas, não é impossível. É perfeitamente possível.
Dá trabalho? Sim!! Agora me responda uma
coisa: qual a razão de relutarmos, acharmos mil empecilhos quando nos propomos
fazer algo para nós, exclusivamente pra nós?
Ah! Voltamos a analise das emoções que
sentimos quando nos vemos fazendo algo unicamente para nós. As emoções que
somos treinados (as) a sentir são de egoísmo, culpa por não partilhar com
outros, sentimento de estar deixando outros em segundo plano, e isso é
inadmissível em grande parte de nossa educação.
Lembra quando você era pequena (o)? Você
nunca levou um tabefe quando estava tomando aquele sorvete gostoso e uma amiga
da sua mãe chegou com o filho, a filha e a sua mãe fez você oferecer seu
sorvete para a outra criança? E você não queria dar, e teve que suportar um
puxão de orelha, um tabefe, além da lambida do outro (a) no seu sorvete – e
sabemos lá, quanta cusparada ele (a) deixou - e depois um mar de repreensões
sobre como você era egoísta, não fazia amigos, não dividia nada, etc. e tal? A
maioria das crianças apresenta esse sentimento de exclusividade e a maioria das
crianças o abandona diante das milhares reprovações que recebe durante sua
formação.
Então, agora imagina esse tipo de
coisa e coisas semelhantes que foram fazendo parte da formação de sua
personalidade, acontecendo vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana, e
nunca sendo questionados. Nesse momento, até você já se acha um(a) egoísta quando
não partilha - muitas vezes até sua privacidade - com certas pessoas.
“O medo é o pai da moralidade”.
Friedrich Nietzsche
Você não quer encontrar pessoas, mas o
que vão pensar de você?
Você não quer participar de determinado
evento, mas o que vão pensar de você?
Você tem medo de deixar seus filhos irem
a determinado lugar porque já soube de algumas coisas desabonadoras a respeito,
mas e se seus filhos pensarem que você é “careta”, “chato(a)”, etc.? E os
amigos deles, o que vão pensar?
Se você faz essas perguntas - e outras do
mesmo tipo - para você mesmo (a), saiba que está noventa e nove por cento do
tempo (senão mais), mais preocupado (a) com o que os outros pensam do que com
você mesmo. E, posso deduzir então que age e reage em função do que socialmente
é chamado de “adequado”. E também não é uma boa companhia para si mesmo na medida
em que precisa pensar em agradar a todos em primeiro lugar, ao invés de ser
fiel a seus princípios.
Acredito que ouvi alguns protestos por aí..
do tipo: “Ah! Você sugere que faça tudo do meu jeito?”... não! Certamente não é
isso que estou sugerindo.
Concordo que precisamos sim nos adequar a
coisas que aparecem, que mudam e que NÓS
achamos que devemos, e não pelo que somos pressionados. O problema, a certa
altura de nossas vidas é identificarmos aquilo que estou chamando de “ser
pressionado”.
Muitas mudanças que fazemos em função de
convivermos pacificamente não identificamos mais como pressão. Muitos de nós
chama de aceitação, adaptação, etc. E, algumas dessas coisas são realmente
aceitação e adaptação. Mas o que precisamos investigar a fundo é o que sentimos
quando decidimos aceitar e nos adaptar a determinadas coisas.
A aceitação sob pressão traz angústia e
desassossego, traz ansiedade e mal estar.
Então, para completar o nosso encontro
com o sexto item- relacionado no início desse texto, coloco mais um aforismo de
Nietzsche:
“E aqueles que foram vistos dançando
foram julgados insanos por
aqueles
que não podiam escutar a música.”
Friedrich Nietzsche
Não é simples entender Nietzsche. Ele mesmo se gabava de escrever em uma frase (os famosos aforismos) o que outra pessoa precisaria de um livro todo para ser entendido.
Esse aforismo ilustra bem o fato
de a participação de outros ser boa em nossas vidas, mas não termos que
necessariamente concordar. Assim como Nietzsche diz, quando somos vistos
dançando por pessoas que não escutam a música somos considerados insanos.
Somos indivíduos, portanto temos
personalidade própria e vivemos escutando a música onde outros não escutam.
Deixo isso para você meditar essa
semana.
Abraços, Iná
Équilibré
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