Vi esse texto no blog Hoje vou assim, o autor é Augusto Paz, achei
lindo e muito pertinente, já que hoje é Páscoa, dia de pensar na vida, claro que respeitando as crenças de cada um cada, e pensar na vida nunca é demais, independente da crença. Lá vai ele na íntegra:
Existe um braço da
Filosofia que atribui à tristeza o importante papel de “motor da vida”.
Explico: fôssemos plenamente felizes, não haveria motivo para mudar as coisas.
Não haveria pelo quê lutar ou atrás do quê correr. Ficaríamos estagnados na
nossa felicidade cega e não seríamos capazes de seguir em frente.
O fato é que temos
pavor da tristeza. Não queremos nada além da completa felicidade a que
assistimos no comercial da operadora de celular. Vivemos para fugir da tristeza
e isso está nos transformando em legumes anestesiados. Ficamos tão habilidosos
em nos esquivar dos dissabores da vida, que passamos a maior parte do tempo
dentro da nossa chatinha e previsível zona de conforto.
Não nos apegamos
demais aos amigos, pois eles podem ir embora; não nos apegamos demais
a quem amamos por
medo de não sermos correspondidos; não nos apegamos ao emprego
novo, pois pode
surgir oportunidade melhor. Sem nos agarrar a nada, ficamos à deriva…
Em vez,
agarramo-nos com todas as forças à bolsa nova, ao telefone da moda, aos sapatos
do momento.
Claro que é um
apego temporário, porque na semana que vem surgem versões “novíssimas” que
tomarão o
lugar das primeiras.
É curioso como
gastamos montanhas de dinheiro em um par de jeans estonado, furado e rasgado,
um jeans “com história”, e não investimos tanto quanto deveríamos na nossa
própria. Qual a graça da calça nova se não usá-la? Qual a graça, então, do
coração intacto, sem uso, sem quilometragem?
É o medo de
comprometer suas bombas, ter de reparar suas fibras, trocar seus vasos? É o
medo da tristeza? Não há com o que se preocupar. O coração, assim como a calça,
lavou, tá novo.
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