terça-feira, 19 de fevereiro de 2013

Iná Poggetti


Crianças: Dicas
Achei que pode ser interessante para vocês, pais de primeira, segunda, terceira viagem, enfim, pais que gostem de ler e ter informações a respeito de crianças, filhos. Formas de olhar e analisar as situações do dia a dia que (acho) todos nós nos deparamos. E aqui vão algumas delas:
                                             
Crianças
                                                                                                 

São para a vida toda.

 Várias pessoas dizem que “a gente tem filhos para o mundo”, coisa com a qual eu não concordo, pois sendo de descendência italiana, meus filhos são, ao contrário de tal dito, “para a vida toda”.

Não digo isso no sentido de posse, mas no sentido de responsabilidade, companheirismo, participação. E posso dizer que, se conseguimos que essa responsabilidade seja gostosa e prazerosa teremos muito bons momentos exercendo tal responsabilidade assim como companheirismo e participação.   



Lembre sempre que foi você quem quis.

Está bem, já ouvi os protestos, de que “foi sem querer”, “foi inevitável” e outros mais que as pessoas alegam diante dessa afirmativa.
Meu contra argumento, salvo raras exceções, é que você sabia o que estava fazendo quando “fez a criança”. Hoje em dia é meio inconcebível admitir que não saibamos o que pode dar errado nas formas de prevenção que existem.


Assuma as responsabilidades de tê-los.

Uma vez gerada uma vida, ela tem que ser protegida, alimentada, amada, cuidada.

Gostando ou não, concordando ou não, essa vida foi gerada decorrente de um ato nosso.

Penso que somos seres que estão sempre em sociedade, pelo menos uma parte de nosso tempo, e temos ainda instintos (se bem que muitas vezes bastante encobertos).

Devido a isso, ter um filho é uma forma de preservação da espécie e  quando investimos muito nessa “continuação” que são os filhos, estamos promovendo e contribuindo para aperfeiçoamento e melhoria dessa mesma espécie à qual pertencemos.

Precisamos começar a ver nessas atitudes de cuidado com os filhos como as mais preciosas contribuições para o bem da espécie. E não só aquilo que fazemos para outros que não são família.

O cuidado de si mesmo, vendo nisso o filho, incorporando-os a nós mesmos como pessoas, pode ter um aspecto pagão (Aristóteles), mas temos que convir que mesmo o cristianismo adaptou posturas pagãs ao seu corpo de conhecimento, na medida em que estas mesmas posturas serviam ao cuidado do sujeito e da espécie por decorrência.

              Eles não vêm com manual de instrução.

É uma fala muito interessante essa. Nesses momentos temos que dar crédito aos nossos instintos, todos meio amortecidos por aquilo que chamamos civilização. Crianças fazem coisas inimagináveis e inesperadas e eu sempre tenho a sensação de que elas são nesse momento do inesperado, inusitado, a nossa mais pura ligação com o ancestral. Ainda não as contaminamos com regras, imposições, etc.

Elas nos deixam sem resposta, sem ação e muitas vezes muito embaraçados diante dos outros. Fazem perguntas e observações que pensamos nunca passariam por nossas cabeças. Mas podemos estar enganados: talvez, lá atrás, quando também fomos crianças podemos ter tido essas mesmas atitudes. Melhor perguntar para nossos pais.

Você pode falhar e vai falhar.

É engraçado como temos horror em geral dessa possibilidade. Criamos uma idéia de perfeição. Confesso que fico muito confusa com isso. Perfeição com qual referência? Quem ou o quê é o modelo perfeito ao qual nos reportamos quando investimos na autocomiseração por algum erro cometido?

Freud fala bastante dessa relação de idolatria que os filhos criam com os pais, relação tal que endossamos e nos esforçamos por manter. Somos ídolos dos filhos em grande parte do tempo, até que o pedestal começa a se quebrar. De forma geral na adolescência é que isso acontece. Não necessariamente, mas de forma geral.

A definição de falha é relativa a aquilo que conceituamos como certo e errado. Conceitos formados durante nossa vida e sedimentados com reforços vindos especialmente das relações sociais que desenvolvemos.

Se nós mesmos formamos conceitos de certo e errado, não podemos nós mesmos discuti-los e exercermos o dinamismo que favorece as mudanças com o tempo, com os desenvolvimentos que acontecem, com os questionamentos, e críticas que temos capacidade de fazer?

Não tenha vergonha disso, mas ao contrário sinta-se bem-vindo à raça humana.

Aceitar a forma humana de viver, ligado não só aos conceitos rígidos sociais, mas também as críticas que podemos fazer e modificarmo-nos e ao modo de nos relacionarmos com nossos filhos, traz muito bons resultados.

Entender que viemos ao mundo que já estava estruturado não significa que não possamos desenvolver nossa forma pessoal de pensar, nossas definições de conceitos de uma forma dinâmica e saudável.


Empenhe-se em aprender sobre eles e com eles.

No que diz respeito a aprender com os filhos o assunto é rico e extenso. Se teimarmos em ficar com modelos pré-definidos de conceitos tais como “ser mãe”, “ser pai”, repetiremos, sem dúvida a educação que nos foi dada por nossos pais. E acredito que, muitas vezes não é bem isso que queríamos. Muitas das coisas que nos foram ensinadas podem sim ser repetidas, mas várias delas não gostamos e várias delas devem ser mudadas. Primeiro pelo simples fato que seu filho não é você e segundo que à época de seu crescimento as coisas eram outras. Ambientes, qualidade de vida, modos de pensar, tudo muda com o passar do tempo.

Crianças nos ensinam muito. Precisamos ter olhos, ouvido e coração abertos para entendermos o que elas nos dizem.

Se só soubermos repetir o que nos foi passado sem acrescentarmos nada, não estaremos aprendendo. E talvez algumas coisas que aprendemos vão totalmente contra o que pensávamos. Precisamos manter a mente flexível para pensarmos se aquela aprendizagem deve ser usada na educação de nossos filhos.

 Lembre-se que você também já foi criança.

Não se esqueça nunca de sua infância. Ela é uma referência preciosa para você decidir agora, como adulto o que foi ou não bom para você e o que pode ou não ser bom para seu filho. Faça uma análise honesta. Verifique se você gosta de tudo o que é e tente entender quais situações lhe deram informações para que você mantivesse essa parte que considera boa. Analise também o que você não gosta e, da mesma forma feita acima, verifique o que o mantinha e o que o manteve teimando em desenvolver partes que agora você não gosta em você. A partir daí, você pode tirar um grande aprendizado e aplicá-lo na educação de seus filhos.

Semana que vem continuo com mais algumas dicas.

Abraço, Iná


Nenhum comentário:

Postar um comentário