Crianças: Dicas
Achei
que pode ser interessante para vocês, pais de primeira, segunda, terceira
viagem, enfim, pais que gostem de ler e ter informações a respeito de crianças,
filhos. Formas de olhar e analisar as situações do dia a dia que (acho) todos
nós nos deparamos. E aqui vão algumas delas:
Crianças
São para a vida toda.
Várias pessoas dizem que “a gente tem filhos
para o mundo”, coisa com a qual eu não concordo, pois sendo de descendência
italiana, meus filhos são, ao contrário de tal dito, “para a vida toda”.
Não
digo isso no sentido de posse, mas no sentido de responsabilidade,
companheirismo, participação. E posso dizer que, se conseguimos que essa
responsabilidade seja gostosa e prazerosa teremos muito bons momentos exercendo
tal responsabilidade assim como companheirismo e participação.
Lembre sempre que foi você quem
quis.
Está
bem, já ouvi os protestos, de que “foi sem querer”, “foi inevitável” e outros
mais que as pessoas alegam diante dessa afirmativa.
Meu
contra argumento, salvo raras exceções, é que você sabia o que estava fazendo
quando “fez a criança”. Hoje em dia é meio inconcebível admitir que não
saibamos o que pode dar errado nas formas de prevenção que existem.
Assuma as responsabilidades de
tê-los.
Uma
vez gerada uma vida, ela tem que ser protegida, alimentada, amada, cuidada.
Gostando
ou não, concordando ou não, essa vida foi gerada decorrente de um ato nosso.
Penso
que somos seres que estão sempre em sociedade, pelo menos uma parte de nosso
tempo, e temos ainda instintos (se bem que muitas vezes bastante encobertos).
Devido
a isso, ter um filho é uma forma de preservação da espécie e quando investimos muito nessa “continuação”
que são os filhos, estamos promovendo e contribuindo para aperfeiçoamento e
melhoria dessa mesma espécie à qual pertencemos.
Precisamos
começar a ver nessas atitudes de cuidado com os filhos como as mais preciosas
contribuições para o bem da espécie. E não só aquilo que fazemos para outros
que não são família.
O
cuidado de si mesmo, vendo nisso o filho, incorporando-os a nós mesmos como
pessoas, pode ter um aspecto pagão (Aristóteles), mas temos que convir que
mesmo o cristianismo adaptou posturas pagãs ao seu corpo de conhecimento, na
medida em que estas mesmas posturas serviam ao cuidado do sujeito e da espécie
por decorrência.
Eles não vêm com manual de instrução.
É
uma fala muito interessante essa. Nesses momentos temos que dar crédito aos
nossos instintos, todos meio amortecidos por aquilo que chamamos civilização.
Crianças fazem coisas inimagináveis e inesperadas e eu sempre tenho a sensação
de que elas são nesse momento do inesperado, inusitado, a nossa mais pura
ligação com o ancestral. Ainda não as contaminamos com regras, imposições, etc.
Elas
nos deixam sem resposta, sem ação e muitas vezes muito embaraçados diante dos
outros. Fazem perguntas e observações que pensamos nunca passariam por nossas
cabeças. Mas podemos estar enganados: talvez, lá atrás, quando também fomos
crianças podemos ter tido essas mesmas atitudes. Melhor perguntar para nossos
pais.
Você pode falhar e vai falhar.
É
engraçado como temos horror em geral dessa possibilidade. Criamos uma idéia de
perfeição. Confesso que fico muito confusa com isso. Perfeição com qual
referência? Quem ou o quê é o modelo perfeito ao qual nos reportamos quando
investimos na autocomiseração por algum erro cometido?
Freud
fala bastante dessa relação de idolatria que os filhos criam com os pais,
relação tal que endossamos e nos esforçamos por manter. Somos ídolos dos filhos
em grande parte do tempo, até que o pedestal começa a se quebrar. De forma
geral na adolescência é que isso acontece. Não necessariamente, mas de forma
geral.
A
definição de falha é relativa a aquilo que conceituamos como certo e errado.
Conceitos formados durante nossa vida e sedimentados com reforços vindos
especialmente das relações sociais que desenvolvemos.
Se
nós mesmos formamos conceitos de certo e errado, não podemos nós mesmos
discuti-los e exercermos o dinamismo que favorece as mudanças com o tempo, com
os desenvolvimentos que acontecem, com os questionamentos, e críticas que temos
capacidade de fazer?
Não tenha vergonha disso, mas ao
contrário sinta-se bem-vindo à raça humana.
Aceitar
a forma humana de viver, ligado não só aos conceitos rígidos sociais, mas
também as críticas que podemos fazer e modificarmo-nos e ao modo de nos
relacionarmos com nossos filhos, traz muito bons resultados.
Entender
que viemos ao mundo que já estava estruturado não significa que não possamos
desenvolver nossa forma pessoal de pensar, nossas definições de conceitos de
uma forma dinâmica e saudável.
Empenhe-se em aprender sobre eles
e com eles.
No
que diz respeito a aprender com os filhos o assunto é rico e extenso. Se
teimarmos em ficar com modelos pré-definidos de conceitos tais como “ser mãe”,
“ser pai”, repetiremos, sem dúvida a educação que nos foi dada por nossos pais.
E acredito que, muitas vezes não é bem isso que queríamos. Muitas das coisas
que nos foram ensinadas podem sim ser repetidas, mas várias delas não gostamos
e várias delas devem ser mudadas. Primeiro pelo simples fato que seu filho não
é você e segundo que à época de seu crescimento as coisas eram outras.
Ambientes, qualidade de vida, modos de pensar, tudo muda com o passar do tempo.
Crianças
nos ensinam muito. Precisamos ter olhos, ouvido e coração abertos para
entendermos o que elas nos dizem.
Se
só soubermos repetir o que nos foi passado sem acrescentarmos nada, não estaremos
aprendendo. E talvez algumas coisas que aprendemos vão totalmente contra o que
pensávamos. Precisamos manter a mente flexível para pensarmos se aquela
aprendizagem deve ser usada na educação de nossos filhos.
Lembre-se
que você também já foi criança.
Não
se esqueça nunca de sua infância. Ela é uma referência preciosa para você
decidir agora, como adulto o que foi ou não bom para você e o que pode ou não
ser bom para seu filho. Faça uma análise honesta. Verifique se você gosta de
tudo o que é e tente entender quais situações lhe deram informações para que
você mantivesse essa parte que considera boa. Analise também o que você não
gosta e, da mesma forma feita acima, verifique o que o mantinha e o que o
manteve teimando em desenvolver partes que agora você não gosta em você. A
partir daí, você pode tirar um grande aprendizado e aplicá-lo na educação de
seus filhos.
Semana
que vem continuo com mais algumas dicas.
Abraço,
Iná
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