terça-feira, 11 de dezembro de 2012

Iná Poggetti


A despersonalização na Síndrome do Natal.

Interessante! Eu cresci num mundo bem diferente do que vejo agora. Pelo menos onde eu vivia, e como eu vivia.

Não tínhamos seguro saúde, seguro de carro, cesta básica, bônus, décimo terceiro, atendimento hospitalar gratuito, enfim, todas as facilidades que hoje se nos apresentam.

Tudo o que acontecia, era de nossa responsabilidade resolver. Não recorríamos a nada mais além de nós mesmos. E não havia nenhum sentimento de rejeição nessa forma de viver. Era assim, e cada um assumia fazer o que fosse preciso para sua vida.

Tínhamos amigos, é lógico, mas eles não serviam, como se prega hoje em dia, como “ombro pra chorar”. Aliás, os “problemas” que surgiam, eram tratados na privacidade da família.


Os amigos eram para os momentos de encontro, diversão. E não existia ressentimento ou cobrança de participação deles em qualquer desses assuntos.

Acredito até que houvesse a tal da “Síndrome do Natal” naquela época como comentei no post anterior, mas eu pouco sabia disso.

Parece que, quanto mais paternalismo é promovido, mais o homem se sente desamparado. Ou mais o homem perde o  mérito direto por seus feitos.

Quanto mais “seguro saúde” menos o mérito de ter colaborado em qualquer ação boa está em suas mãos. Os intermediários levam o crédito. Embora você pague o tal seguro, ele está intermediado por outros órgãos aos quais é atribuída a possibilidade de determinada ação ter sido praticada.

Despersonalização parece que há em abundância.

Despersonalização do homem como merecedor dos créditos por suas ações.

Afinal, para tudo temos um “seguro”, uma “cesta básica” um “bônus” que não teríamos se não fossem os órgãos de saúde, as seguradoras, as empresas.

E se você pensar no significado de tais entidades verá que não há existência material delas. Só existe a ideia que nos absorve os méritos e as relações diretas com as ações.

As relações das ações não estão mais atribuídas ao homem diretamente. Sempre há um intermediário.

Com relação ao Natal temos, por exemplo, as ONGs, as fundações, as promoções da mídia na TV. Não sabemos como as coisas são distribuídas então.

Delegamos assim o poder, a não sei quem, de usar as nossas contribuições da maneira como acham melhor. Não tomamos mais a responsabilidade de seguir o caminho de nossas contribuições e dar continuidade para elas.

Com relação ao tempo que eu disse a você que  eu vivi,  eu conhecia o rosto do meu vizinho, eu sabia para onde tinha ido a renda do bazar da igreja para a qual eu tinha feito um guardanapo, ou uma pintura, ou o que quer que seja. Cuidávamos de um território próximo, do qual obtínhamos informações sempre.

Promovíamos  aprendizado nessas comunidades onde participávamos aprendendo e ensinando.

Não fazíamos pelo outro. O ensinávamos a fazer. E ele (o outro) também nos ensinava. E ele fazia do seu jeito, à sua própria maneira, com sua própria criatividade embutida naquilo que havíamos trocado de informações.

Não estou dizendo de forma nenhuma que era um mundo perfeito. O que estou dizendo, é que estamos caminhando para perdas, imaginando que estamos melhorando.

Estamos caminhando para despersonalização, pensando que caminhamos para melhoras.

Acredito que, o agravamento do mal estar das pessoas, especialmente nessa época, ocorre porque todas as coisas que antes tinham uma relação direta com o que fazíamos, já não têm mais.

Tudo caminha para se tornar impessoal, para o NÃO SER.

Abraço, Iná Poggetti

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