A
despersonalização na Síndrome do Natal.
Interessante!
Eu cresci num mundo bem diferente do que vejo agora. Pelo menos onde eu vivia,
e como eu vivia.
Não
tínhamos seguro saúde, seguro de carro, cesta básica, bônus, décimo terceiro,
atendimento hospitalar gratuito, enfim, todas as facilidades que hoje se nos
apresentam.
Tudo
o que acontecia, era de nossa responsabilidade resolver. Não recorríamos a nada
mais além de nós mesmos. E não havia nenhum sentimento de rejeição nessa forma
de viver. Era assim, e cada um assumia fazer o que fosse preciso para sua vida.
Tínhamos
amigos, é lógico, mas eles não serviam, como se prega hoje em dia, como “ombro pra chorar”. Aliás, os “problemas” que surgiam,
eram tratados na privacidade da família.
Os
amigos eram para os momentos de encontro, diversão. E não existia ressentimento
ou cobrança de participação deles em qualquer desses assuntos.
Acredito
até que houvesse a tal da “Síndrome do Natal” naquela época como comentei no
post anterior, mas eu pouco sabia disso.
Parece
que, quanto mais paternalismo é promovido, mais o homem se sente desamparado.
Ou mais o homem perde o mérito direto
por seus feitos.
Quanto
mais “seguro saúde” menos o mérito de ter colaborado em qualquer ação boa está
em suas mãos. Os intermediários levam o crédito. Embora você pague o tal
seguro, ele está intermediado por outros órgãos aos quais é atribuída a
possibilidade de determinada ação ter sido praticada.
Despersonalização
parece que há em abundância.
Despersonalização
do homem como merecedor dos créditos por suas ações.
Afinal,
para tudo temos um “seguro”, uma “cesta básica” um “bônus” que não teríamos se
não fossem os órgãos de saúde, as seguradoras, as empresas.
E
se você pensar no significado de tais entidades verá que não há existência
material delas. Só existe a ideia que nos absorve os méritos e as relações
diretas com as ações.
As
relações das ações não estão mais atribuídas ao homem diretamente. Sempre há um
intermediário.
Com
relação ao Natal temos, por exemplo, as ONGs, as fundações, as promoções da
mídia na TV. Não sabemos como as coisas são distribuídas então.
Delegamos
assim o poder, a não sei quem, de usar as nossas contribuições da maneira como
acham melhor. Não tomamos mais a responsabilidade de seguir o caminho de nossas
contribuições e dar continuidade para elas.
Com
relação ao tempo que eu disse a você que
eu vivi, eu conhecia o rosto do
meu vizinho, eu sabia para onde tinha ido a renda do bazar da igreja para a
qual eu tinha feito um guardanapo, ou uma pintura, ou o que quer que seja.
Cuidávamos de um território próximo, do qual obtínhamos informações sempre.
Promovíamos aprendizado nessas comunidades onde
participávamos aprendendo e ensinando.
Não
fazíamos pelo outro. O ensinávamos a fazer. E ele (o outro) também nos
ensinava. E ele fazia do seu jeito, à sua própria maneira, com sua própria
criatividade embutida naquilo que havíamos trocado de informações.
Não
estou dizendo de forma nenhuma que era um mundo perfeito. O que estou dizendo,
é que estamos caminhando para perdas, imaginando que estamos melhorando.
Estamos
caminhando para despersonalização, pensando que caminhamos para melhoras.
Acredito
que, o agravamento do mal estar das pessoas, especialmente nessa época, ocorre
porque todas as coisas que antes tinham uma relação direta com o que fazíamos,
já não têm mais.
Tudo
caminha para se tornar impessoal, para o NÃO SER.
Abraço,
Iná Poggetti
Équilibré
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