Já reparou como seu “existir” é confinado ao tempo?
Hora de levantar, hora de comer,
hora de ir ao banheiro, são determinações biológicas, que controlamos mais ou
menos.
Hora de levar o Joãozinho para
escola, para o Inglês, levar a Mariazinha para o balé, mandar o Joãozinho tomar
banho, a Mariazinha fazer lição, são determinações sociais as quais nos
enquadramos de forma muito inconsciente. E aí é que mora o perigo. Não
controlamos quase nada. Somente seguimos o fluxo.
Uma das finalidades dessa
conversa que proponho a você é começarmos a observar essas “determinações” que
nós mesmos adotamos, até como uma taboa de salvação.
Como? Diriam alguns, - Taboa de
salvação?
Sim, na medida em que tais
determinações não nos dão trabalho para pensar. Como um verdadeiro paradoxo,
elas são ao mesmo tempo confortáveis e conflituosas.
Embora no final do dia isso gere
cansaço, fadiga, irritação, e muitos outros sintomas de mau humor, o equilíbrio
se faz pelo fato de não precisarmos ir contra a maré, não precisarmos estabelecer
nossos próprios parâmetros para nos comportar.
O tempo sempre foi um mistério
para o homem. O próprio Einstein se encantou com ele e queimou muitos dos seus
preciosos neurônios tentando entende-lo. Einstein percebeu que o tempo e o espaço são relativos - um
objeto em movimento, na verdade, sente o tempo a uma taxa mais lenta do que o
objeto que está em repouso
Cá, do meu ponto de vista, penso
que o tempo é algo inventado pelo homem e para o homem. Serve a muitos
propósitos e define muito de nossas necessidades.
Da mesma forma que elegemos
muitos outros “ídolos” como modelo para nossas vidas, o tempo também é um
deles. Refiro-me a nossas crenças* de forma geral.
*Não tenho absolutamente nada
contra crenças, só não sou a favor de
nos apegarmos veementemente a algumas que não nos trazem bem estar, mas
ao contrário, desconforto: como a do pecado por exemplo. (Assista
o vídeo “Culpa X Responsabilidade” nesse link para maior entendimento)
O tempo somente se torna um
perigo no momento em que não pensamos mais nele a nosso serviço, mas invertemos
a relação e nos colocamos a serviço do tempo.
Imagine agora que, de uma
abstração como é o tempo, definida por nós para nos organizarmos e “botarmos
ordem na casa”, começamos a traçar um caminho inverso e começamos a endeusar o
tempo e torna-lo nosso senhor e rei.
É um senhor autoritário,
despótico e maldoso “O Tempo”. E fomos nós que o fabricamos e o caracterizamos
com essas feições.
Qual a finalidade de trabalharmos
para provocarmos incômodo e mal estar a nós mesmos?
Segundo Freud, temos um instinto
de autodestruição que nem sequer percebemos. A própria constituição biológica
do ser humano caminha nessa direção. Pelo menos é o que concluímos quando
estabelecemos os parâmetros: nascimento, crescimento e morte.
E é isso que temos em mente, o
que nos é ensinado, e o que adotamos para nossas vidas.
Uma das coisas mais evidentes
dessa adoção é o estado depressivo que muitos “aposentados” ou em vias de
aposentadoria chegam.
Numa fase da vida em que
conseguem uma renda fixa, (não estou dizendo que é boa nem suficiente) e que
poderiam traçar planos para fazerem aquilo que “não puderam” em sua vida ativa,
deixam se levar agora por sentimentos de inutilidade e rejeição.
É necessário que investiguemos a
fundo a aceitação que temos dessas e outras “determinações”, buscando uma forma
mais amena de vivermos e passarmos para as próximas gerações um espírito mais
curioso, investigativo e contestador. Desenvolvendo primeiramente em nós,
podemos dar o exemplo para os que estão aí, e os que virão.
O tempo não é o senhor despótico
que elegemos para nossa vida. Nós o fizemos assim e, portanto podemos modificar
isso.
Abraço
Équilibré Cursos e Treinamentos
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