Do pensamento à ação.
Tudo o que me
lembro é que era um livro didático. De uma matéria que discutia formas de nós
humanos, agirmos em determinadas circunstâncias. Afinal, já saí da faculdade há
algumas décadas... não dá pra lembrar de tudo....
Mas deixa-me
contar pra você o que me lembro. É uma historinha muito ilustrativa.
Um homem estava
viajando como sempre o fazia, pois era esse seu trabalho. Era noite, e ele
cruzava esparsamente com alguns carros em sentido contrário. O farfalhar das
árvores, soavam familiares, indicavam que estava perto de casa.
Vinha
despreocupado pela estrada afora, dirigindo seu carro, na expectativa de chegar
logo em casa. A fome já o incomodava e, no entanto, não queria parar em nenhum
restaurante da estrada. Sabia que Matilda iria preparar aquele belo jantar como
sempre.
E assim,
antecipando a boa ceia, dirigia com ânimo e entusiasmo para casa. Mas, não teve
muito tempo de curtir tal felicidade, naquele momento proporcionada pelos seus
pensamentos da boa recepção que teria em
casa. Sentiu um tranco na direção e percebeu que, provavelmente um pneu furara.
Matilda tinha
revisado seu estepe no dia anterior? Acho que sim, ela sempre o fazia. Mas,
lembrou-se que ela também tinha emprestado o macaco para o irmão. Teria ela
devolvido?
Não tinha outro
jeito. Teria que parar no acostamento e verificar.
Parou, abriu o
porta malas esperançoso de o macaco estar lá. Não estava. Matilda não tinha
recolocado tal ferramenta de volta onde deveria.
Como Matilda
podia ter feito isso? Não tinha perdão! Ele estaria muito bravo com ela quando
chegasse em casa!
Olhou à sua
volta. As árvores tão alentadoras antes, agora pareciam já meio ameaçadoras.
Pouco movimento na estrada, nenhum restaurante ou posto à vista, estava sozinho
e sem ferramenta para trocar o pneu. O breu ainda tomava conta da paisagem. Logicamente,
se essa história se passasse nos dias de hoje, o celular estaria sem sinal....
Pânico! Pavor!
E agora?
Respirou fundo
e, aos poucos, com a vista já mais acostumada com a escuridão da noite, começou
avistar ao longe, no meio da mata entre as árvores, uma tênue luz vinda de algo
que parecia ser uma casa.
Começou a
caminhar na direção da luz, e seus pensamentos o acompanhavam.
“E se eles já
estivessem dormindo?” “Afinal, quem trabalha no campo costuma dormir cedo”.
“Ele iria incomodar”. “Mas, afinal, era uma circunstância extraordinária, eles
compreenderiam”.
“Será que eram
pessoas honestas, trabalhadoras?” “Ou, considerando o local, tão ermo, seriam
pessoas que estariam se escondendo de algo?”
“E se fossem
agressivos e alguém aparecesse com uma arma, apontando para ele, o que faria?”.
E nosso
personagem caminhava assim na direção da luz, com todos esses pensamentos
assustadores.
“Quê
injustiça!” “Não havia mais pessoas solidárias no mundo?” “Afinal, se fosse ele
que recebesse uma visita no meio da noite, o que faria”. “Se assustaria
também!”
E com tais
pensamentos, dá meia volta sem ao menos tentar buscar lá uma solução para seu
problema.
Não sei como o
personagem resolve a situação, ou SE
resolve. A minha intenção aqui é exemplificar pra você como nossos pensamentos
nos conduzem por caminhos estranhos. Como criamos fantasias e empecilhos no
nosso dia a dia para resolução de problemas.
Quando não
existe confusão, parece que não ficamos satisfeitos com soluções fáceis,
rápidas e eficientes. Temos que fazer sacrifícios, e andar por labirintos
lúgubres para valorizarmos nossas conquistas. Se não for assim, parece que não
foi uma conquista, parece que foi algo que qualquer um faria a qualquer momento
e com a mesma facilidade nossa. E, com certeza, queremos nos destacar ao
resolvermos um problema!!
Nossos
pensamentos são ferramentas que podemos usar a nosso favor ou contra nós.
Precisamos decidir como queremos resolver nossos problemas, mas se você não
averiguar profundamente como é que seus pensamentos estão conduzindo suas
ações, estará provavelmente no “automático” e não conseguirá melhorar o uso dos
mesmos.
Preste atenção
aos seus pensamentos, onde eles estão definindo suas ações e onde essas ações
o/ a estão levando.
Assim como na
historinha acima, que não tem final nem feliz, nem triste ( não saberemos se
nosso personagem afinal ceou a gostosa comida de Matilde), teremos que
arriscar, buscar novas formas de pensar a respeito do que nos cerca e do que
nos acontece.
Équilibré
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CEP-13480
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