Discutindo alguns conceitos pré-concebidos.
Continuando com
os itens enumerados no primeiro post, coloco agora os abaixo relacionados:
7.
Você já descobriu que emoção e
sentimentos são coisas boas desde que não paralisem a sua vida.
8.
Você já descobriu que identificando
as emoções e sentimentos que tem você pode muda-las se elas não servirem para
seu crescimento.
9.
Você já descobriu que só pode amar o
ser humano se souber o que é amar a si mesmo.
Uma coisa que chama a atenção com relação à nossa cultura é que ela é
repleta de modelos nos quais se baseia
para se repetir e assim, de preferência, transmitir ensinamentos. Embora os
mais jovens possam pensar que somos única e exclusivamente influenciados pela
cultura norte americana, é preciso saber
que a cultura grega influenciou e ainda influencia grande parte da cultura
ocidental, e nós estamos incluídos nessa influência. Explico melhor:
Vejamos sobre o significado de Ética: (você já vai entender a finalidade
da colocação abaixo)
Os
gregos referiam-se à ética de duas maneiras: uma relativa ao indivíduo – propriedade do caráter - (éthos, com
“e” longo) e outra (éthos, com “e” curto) que significa costume. A tradução latina, serviu-se somente da segunda tradução,
isto é: éthos com o significado de costume.
Então, ética como propriedade do caráter
se perdeu na tradução latina.
O
problema com a definição truncada se dá, pois a sociedade, para a qual foi
definida a palavra (a segunda definição, com “e” curto –costume) só pode existir e ter significado como “sociedade” se o
indivíduo, que a compõe, se comportar segundo a primeira definição (ethos, com
“e” longo- propriedade do caráter).
Com a perda no tempo, na tradução desse pedaço da definição, o homem (indivíduo) perdeu a sua
importância, e passou a se reportar a um ente imaginário (a sociedade) que só
existe SE existe o homem. É um caso gritante de paradoxo aqui (informações que
se anulam), tema sobre o qual podemos falar em outro post.
Agora,
se você estiver me perguntando o que isso tem a ver com os itens acima
mencionados, passo a explicar:
Especialmente com relação ao item nove: “Você já descobriu que
só pode amar o ser humano se souber o que é amar a si mesmo.”, podemos
identificar aqui a confusão que se
estabelece em nós, pela perda de parte do significado.
A maior parte do que se chama
solidariedade, é conceituada como “partilhar com o outro o que você tem”. Tá
bom! A maior parte das ações que eu vejo chamado de solidariedade, são
distribuições do que não se quer mais, do que está sobrando, do que está velho
demais, do que está fora do padrão, etc. etc. Não vejo muitas pessoas
distribuindo conhecimento, ensinando a pescar. Vejo pessoas dando o peixe
pronto.
Isso não é solidariedade, isso é achar um
lugar legal, para não acumular lixo no quintal e ainda se sentir benemérito.
Tá bom!! Tá bom!! Já ouvi todos os
protestos que você fez!! E, agora que eu falei sobre o que não é, preciso falar
sobre o que é!
Só saberei amar o ser humano se eu souber
o que isso significa para mim, APLICADO A MIM.
E tem mais: ensino e partilho com o outro
o meu conhecimento das ações que me
levam a conseguir esse afeto e não fico dividindo com ele bens materiais pelos
quais não me interesso mais.
O problema é que, como já falei em posts
anteriores, pensar em mim em primeiro lugar é altamente condenado em nossa
cultura.
“A principal mentira é a que
contamos a nós mesmos”
Friedrich Nietzsche
Dadas as
colocações acima e relacionando-as com os itens que propus discutirmos temos
que:
1. (Com relação ao item 7) - Só nos permitiremos
perceber que determinadas emoções e sentimentos estão paralisando nossas vidas
quando tivermos a coragem de olhar todas as facetas dos conceitos aí
implícitos, sem preconceitos.
2. (Com relação ao item 8)-Da mesma forma, ao
identificarmos o que nos paralisa e tentarmos fazer alguma mudança, vamos
novamente nos deparar com conceitos transmitidos pela metade e se não buscarmos
os significados originais, teremos muita dificuldade em entender o processo
necessário para a mudança.
3. (Com relação ao item 9) – ao tentar entender o que
é amar a si mesmo, provavelmente uma enxurrada de reprovações irão acontecer,
uma vez que esse conceito foi totalmente distorcido na sua tradução para servir
a propósitos específicos e agora, invertido como está, só temos conseguido
entender parte dele e só conseguimos fazer a parte de compartilhar com outros o
que temos e não conseguimos entender
a parte de ensinarmos aos outros o
caminho de como conseguir seus próprios
conhecimentos, bens, etc.
Bem, já
esgotei a minha proposta (comigo mesmo) de só escrever cerca de três páginas do
Word.
Deixo para você pensar a respeito do que escrevi e,
concordo que não é um assunto fácil nem muito simpático. Conversamos mais nos
próximos posts.
Abraços, Iná
Équilibré
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