O medo da solidão, rejeição.
"Se você sente solidão
quando a sós, está em
má companhia."
Jean-Paul Sartre
Como você já
sabe, esse é o item três citado no primeiro artigo que escrevi aqui para o blog
da Cláudia.
3.
Você
já descobriu que ser diferente não precisa ter aquele gosto de solidão, de
rejeição, pelo contrário, tem o gosto de exclusividade!
Aí está! Citei rapidamente no post
anterior, algumas das emoções que cultivamos durante nossas vidas e
incorporamos ao nosso modo de ser, especialmente quando nos sentimos
diferentes.
Uma das “ameaças” que sentimos ao
admitirmos ser diferentes é a ameaça da marginalização, da exclusão, da
rejeição. Esse sentir é raramente perceptível, a não ser por um mal estar em
que normalmente não é identificada a origem. Mas, ele está lá... o mal estar.
Desconstruir o sentido de solidão,
tirar desse conceito o sentimento de marginalização, excluído, excomungado,
exilado, não é fácil. Somos ameaçados – devido a nossa forma de pensar e assimilar a cultura - o tempo todo com tais condenações e elas já
representam o inferno terráqueo do ser
que está “sempre” errado...
Acredito que um caminho que favorece o “desconstruir
a emoção ruim que a solidão dá”, é o da revisão constante de valores que
atribuímos aos conceitos que temos formados, assim como sugeri no post
anterior.
Cada palavra que falamos, tem um
conceito, um valor e uma emoção atribuída a ela que aprendemos no decorrer de
nosso desenvolvimento e que aceitamos incondicionalmente. Não questionamos.
Tomamos a maioria das coisas que nos são passadas, como se fossem “dogma” e
baseamos a maior parte de nossas ações nesses mesmos “dogmas”.
Pensa em uma ação que você faz e
procura se perguntar qual a razão de você fazer daquela forma, e não de outra.
Existe uma ideia que nós absorvemos da
cultura, de que determinadas classes sociais são inferiores, ou superiores,
melhores ou piores, dependendo do tipo de nossa educação. E, ao mesmo tempo
somos levados a repudiar tal ideia das diferenças, quando chamamos tais
discriminações de preconceito e
atribuímos ao conceito de “preconceito”, sentido pejorativo.
Baseamos nossos comportamentos,
aceitação ou não de pessoas em nossas vidas, a partir dessa atribuição que
fazemos, embora isso nos mantenha em um conflito constante.
Não estou discutindo se essas
atribuições são “corretas” ou “incorretas”. Estou sugerindo que questionemos de
onde elas veem e quais os retornos que nos trazem, quando nos baseamos nelas
para gerenciarmos nossas vidas.
O “gosto de exclusividade” que citei no
item três, também faz parte, no senso comum, dos conceitos que são confundidos
com vaidade, egoísmo, enfim... classificações pejorativas que nos fazem
rejeitá-las sem ao menos questionarmos a razão de estarmos fazendo isso.
O que estou sugerindo, se você quiser
mudar seu modo de ver as coisas à sua volta, e quiser adicionar solidão como
conceito positivo, emoção positiva e agradável, é que você pegue cada conceito
que tem já formado e comece a questionar:
1.
De onde vem esse conceito?
2.
Para que ele me serve?
3.
Ele me faz bem?
4.
Quais emoções esse conceito me dispara?
5.
São boas ou ruins tais emoções?
6.
Devo manter ou mudar tais conceitos?
Desconstrua todos aqueles que não te
fazem bem e mantenha todos os que te fazem bem.
Com a recomendação acima devo admitir
que uma das nossas maiores dificuldades é reconhecer que fomos nós mesmos que
construímos os conceitos que nos
prejudicam e fazem mal.
Sei também por experiência do meu
próprio trabalho que, aceitar que somos nós mesmos que construímos o que nos
prejudica, costuma gerar protestos em quem ouve tal afirmativa e que, talvez
você já esteja protestando a respeito disso. No entanto, você precisa
reconhecer que, se atribuímos a formação de nosso mal estar a outra coisa que
não nós mesmos, não teremos nunca a possibilidade de mudar nada, porque o mundo
não se comporta do jeito que gostaríamos que fosse.
Já, por outro lado, se aceitarmos que
fomos nós que construímos o mal estar, teremos grandes possibilidades de mudar,
desconstruir, e reconstruir, de forma boa para nós.
Portanto, o gosto de exclusividade
citado antes, pode tomar rumos inusitados e agradáveis, na medida em que
desvinculamos o conceito das emoções pejorativas que a cultura nos oferece.
Nem todo mundo vai concordar com isso?
É! Com certeza! Mas aí precisamos também discutir aquele ditado que diz que
“não podemos agradar gregos e troianos” que você deve conhecer.
Resumindo: se não experimentamos nós
mesmos o sentido de paz interior e
tranquilidade, como poderemos dividir experiências boas com os outros?
“As convicções são inimigas mais
perigosas da verdade do que as
mentiras”
Friedrich Nietzsche
Équilibré
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